domingo, 15 de dezembro de 2013

Luto por Mandela

Da minha janela. Nascer do sol, 15dez13.
Imagino que a mensagem que escrevi já tem mensageiro.
Sei qual foi o momento exato em que comecei a fazer o luto por Mandela: foi ontem à noite quando acabou o filme "O Longo Caminho para a Liberdade". Depois do tradicional THE END, que, no mínimo, pavlovianamente surge na nossa cabeça, apareceram as longas listas das informações da produção do filme. Em fundo, passavam fotografias de Mandela.
Assim que apareceram, senti um choque; tentei vencê-lo, mas a reação de choque manteve-se. Só nessa altura tomei consciência de uma vida que definitivamente deixara de respirar; de uma história de vida que, em si mesma, não teria mais capítulos.
A partir de agora serão construções ou reconstruções; fantasiamentos glorificadores ou progressivas denúncias desvalorizadoras.
É preciso não esquecermos o amor e o ódio que houve na vida de Mandela; a raiva e a tolerância, a alegria e a tristeza, a solidão e o companheirismo, a lealdade e o individualismo; o pecado e o arrependimento...
Ele sofreu. Sofreu muito! Muito mais sofreram tantos por quem ele lutou e que lutaram por ele, sofreram por ódio humano, de alguns que quiseram deliberadamente, raivosamente, subjugar tantos outros! Violência e exploração prepetradas por quem começou por chegar a uma terra que não era a sua e considerou os indígenas e as culturas dessas terras como "coisas" a vencer, dominar e moldar cegamente, em razão de interesses absolutamente egoístas.
A guerra em Angola, Guiné Bissau e Moçambique, que me roubou o meu pai durante tantos anos, obrigou-me a olhar e viver muitos anos da vida de Mandela como se as notícias que dela me traziam fizessem parte da minha vida.
A seguir, foi a coincidência feliz - mas que feliz coincidência mesmo! - de ser convidado a visitar a África do Sul como Embaixador da Boa Vontade precisamente no ano em que Mandela recebeu o Prémio Nobel da Paz. Dormi no Soweto e visitei um congresso de líderes sul-africnos nas Montanhas do Drakensberg...
Que a morte de Mandela nos alerte para a vida de outros que continuam a lutar, a viver o sofrimento da luta que também foi a dela; e que por ideais de Justiça e Respeito por todos os seres humanos continuam a morrer, às vezes tão desgraçadamente, tão ignoradamente por todos nós.
É, claramente comecei ontem um luto que espero que me ajude a continuar a evoluir pessoalmente como Mandela nos mostrou e, no fundo, propos, que todos evoluamos.
Ele foi um dia uma criança feliz, sonhadora, entusiasta. Todas as crianças são naturalmente assim, se as deixarmos ter as condições que precisam para isso. É, a verdadeira aposta de todoas as sociedades tem de ser a sábia educação de todas as crianças.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Diga à gente, diga à gente, como vai este país... 02

A lei das sementes é pior do que uma invasão francesa de Napoleão.

Do Miguel Esteves Cardoso, um alerta já feito há muitos anos pelo PPM de Ribeiro Telles que previu o que tarde ou cedo chegaria. Este processo era inevitável e o Directório presidido por Gonçalo Ribeiro Telles bastas vezes advertiu a incipiente opinião pública nacional, sempre mais interessada a dar ouvidos e o voto às forças políticas que nos trouxeram à presente situação.

Façam o favor de DIVULGAR, partilhem o aviso do MEC.

"No PÚBLICO.pt de ontem dá-se conta de uma reportagem da LUSA sobre o protesto dos pequenos produtores da aldeia transmontana de Duas Igrejas contra a nova lei das sementes que está quase a ser aprovada pelo Parlamento Europeu.

Falam por todas as sementes, todas as hortas, todos os agricultores e, sobretudo, pela economia e cultura portuguesas. A lei das sementes - que proíbe, regulamentando, a milenária troca de sementes entre produtores - é pior do que uma invasão francesa de Napoleão.

É uma invasão fascista que quer queimar a terra para preparar a incursão das agro-corporações multinacionais (como a gigantesca e sinistra Monsanto) que virão patentear as sementes que são nossas há que séculos, obrigando-nos depois a pagar-lhes direitos de autor, só por serem legalisticamente mais espertos. Pense-se em cada semente como uma palavra da língua portuguesa. Na nova lei colonialista das sementes é como obrigar os portugueses a sofrer a chatice e a despesa de registar tudo o que dizem, burocratizando cada conversa.

Atenção: é o pior ataque à nossa cultura e economia desde que todos nascemos. Querem empobrecer-nos e tornar-nos ainda mais pobres do que somos, roubando-nos as nossas poucas riquezas para podermos passar a ter de comprá-las a empresas multinacionais que se apoderaram delas, legalmente mas sem qualquer mérito, desculpa ou escrutínio.

Revoltemo-nos. Já. Faltam poucos dias antes de ser ter tarde de mais. É para sempre. Acorde."

Diga à gente, diga à gente, como vai este país... 01

Infarmed encontra em armazém dois medicamentos em falta nas farmácias

Medicamentos escondidos?... À espera de tempos para melhores preços?... À custa da saúde de quem precisa dos medicamentos?...

O Infarmed inspecionou ontem o armazém de uma empresa responsável por dois medicamentos em falta nas farmácias há duas semanas e verificou que existiam embalagens para suprir as necessidades dos utentes, tendo instaurado um processo de contraordenação.

Em comunicado enviado para a agência Lusa, o Infarmed disse que, nas últimas duas semanas, recebeu várias reclamações de utentes e farmacêuticos queixando-se da indisponibilidade de dois medicamentos: o Varfine (com propriedades anticoagulantes e essencialmente utilizado na prevenção do tromboembolismo e tromboses) e o Artane (um adjuvante no tratamento de todas as formas de parkinsonismo).

O Infarmed contactou a empresa responsável pela distribuição daqueles medicamentos no mercado nacional, tendo sido informado que a situação estaria resolvida na passada segunda-feira.

No entanto, os problemas no abastecimento mantiveram-se e o Infarmed decidiu realizar hoje uma ação de inspeção junto do armazém da empresa, onde encontrou "embalagens suficientes para suprir as atuais necessidades dos utentes", lê-se no comunicado.

O instituto que regula o mercado dos medicamentos acabou por notificar a empresa "a iniciar de imediato" o fornecimento daqueles produtos, sendo por isso expectável que "comecem gradualmente a chegar às farmácias embalagens destes produtos e que se retorne à situação de regular abastecimento no mercado nos próximos dias".

O Infarmed decidiu ainda instaurar um processo de contraordenação social por violação da obrigação de notificação da rutura de 'stock' e convocar com caráter de urgência a empresa para prestar esclarecimentos sobre o sucedido.

O instituto convocou também com caráter de urgência a empresa que é titular de autorização de introdução no mercado destes dois medicamentos para prestar esclarecimentos sobre o sucedido.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Os avisos (?) / incitamentos (?) de Mário Soares incomodam-me!

Os avisos (?) / incitamentos (?) de Mário Soares incomodam-me!

Dr. Mário Soares, as suas palavras metem-me medo!...
“É por isso que digo: o Presidente e o Governo devem demitir-se, enquanto podem ainda ir para suas casas pelo seu pé. Caso contrário, serão responsáveis pela onda de violência que também os atingirá.”
Já disse publicamente que sou adepto da aplicação da "justiça de Fafe" a meia dúzia, corrijo, a uma dúzia de poderosos políticos, económicos e financeiros que pervertem a organização, a recuperação e o desenvolvimento da nossa sociedade - da nossa geração, da geração dos nossos velhotes, da geração dos nossos filhos e da geração dos nossos netos.
A violência da justiça de Fafe não é a violência que o dr. Mário Soares tanto tem avisado, tanto tem antecipado, tanto tem acicatado. Tenho medo da sua violência, dr. Mário Soares!
A ideia que tenho da justiça de Fafe é a de uma justiça/"violência" justa, à medida das faltas e dos crimes dos infratores; é exercida pelos membros da comunidade afetada, na medida das faltas cometidas e sob o controlo da comunidade, na proteção e defesa de valores partilhados, justos para todos; valores esses que foram postos em causa pelos infratores.
A violência que eu ponho na sua cabeça é a que vem do meu conhecimento, da minha experiência dos seus atos: eu nunca lhe aceitarei a defesa da "coragem" que atribuiu ao seu comparsa partidário José Sócrates enquanto ele foi primeiro-ministro contestado, legitimamente constestado como agora também se contesta o Governo que o senhor tanto odeia. Os dramáticos e terríveis erros do atual Governo não me fazem esquecer, nem amaciar os que foram feitos pelos governos de José Sócrates e os seus ministros.
A violência que o senhor Presidente anseia é a que é conveniente, essencialmente, para o seu partido - o Povo, irado, descontrolado, corre com os vossos adversários políticos; a seguir as forças da ordem repõem a ordem pública; e finalmente os socialistas avançam para a governação do Reino!...
Dr. Mário Soares, é vergonhosa - as palavras nem sequer são minhas! - a tremenda falta de ideias políticas válidas dos seus comparsas socialistas!... Ouviu ontem na Quadratura do Círculo o socialista António Costa sobre a reunião que o senhor promoveu sobre a "defesa da Constituição"? Se ouviu, não gostou nada, pois não?
Olhe, dr. Soares, exemplar, para mim, foi a manifestação das forças policiais nas escadarias da Assembleia da República! O comportamento daqueles homens e daquelas mulheres foi notável! No simbolismo da "insurreição", deixaram a mensagem: "Estamos no limite das nossas forças!... Já nos levaram tudo, até a dignidade! E fizeram-no de uma forma bem indigna!... Mas reparem, nós somos capazes de ir mais além, mas dominamo-nos, não queremos o caos! Façam vocês o que é vossa obrigação fazer! E depressa!..."
Repito, dr. Mário Soares, notável! E o senhor na Aula Magna, exatamente à mesma hora - sem ver, apenas a imaginar - a falar na violência pública nas escadarias de São Bento! Está a ver a diferença? Consegue que os seus comparsas socialistas e os outros políticos entendam a mensagem das polícias, daqueles homens e mulheres, cidadãos cada vez mais espoliados nos seus direitos laborais, cívicos e sociais; e, ao mesmo tempo, abraçados à profissão de defensores da ordem pública?
É claro - e nisso concordarei consigo - eles abriram uma caixa de Pandora!... Repare, a própria senhora presidente da Assembleia da República, em mais dos seus tristes discursos ou intervenções públicas, hoje, em resposta aos jornalistas, mostra que tem noção da legitimidade dos protestos e das coisas positivas de que os polícias deram sinal!...  Mas será que nós temos políticos que vão saber, como é vulgar dizer-se, "tirar as devidas ilações dos recentes acontecimentos"?
Arrisco a dizer-lhe uma coisa, e desafio-o para o negar: o senhor, tal como eu, duvida profundamente do que os nossos políticos sejam capazes de fazer; incluindo os seus comparsas socialistas!
Para acabar, dr. Mário Soares: um aluno meu mandou-me há pouco um vídeo notável; tão notável quanto a própria sensibilidade e maturidade cívica e polítcia do rapaz na procura deste documento, na atenção que lhe deu e no valor que lhe atribuiu. - foi tão grande que logo o partilhou.
Proponho-lhe o seguinte: veja o vídeo, faça-o legendar, e parta pedra com ele com os seus tão dececionantes socialistas. Passe bem, dr. Mário Soares! Não se esqueça do que eu disse logo no princípio: tenho medo das suas palavras!

Matt Damon reads from Howard Zinn's speech "The Problem is Civil Obedience" (November 1970) from Voices of a People's History on Vimeo.

sábado, 2 de novembro de 2013

Os amigos da Troika. As reformas deles e as nossas.

http://newshopper.sulekha.com/poul-thomsen-jurgen-kroger_photo_1812760.htm
O antigo chefe da troika, Jürgen Kröger, reformou-se aos 61 anos, mas continua a trabalhar na Comissão Europeia como conselheiro especial.

Antes de se reformar, Kroeger insistiu na necessidade de Portugal aumentar a idade da reforma dos 65 para 67 anos. O Governo considerou excessivo este aumento de dois anos. Decidiu por isso aumentar o limite mínino de reforma para os 66 anos.

Juergen Kroeger desempenha atualmente funções no grupo que acompanha a aplicação do plano de resgate a Pportugal. Fez um contrato de um ano com a Comissão Europeia, em que ganha 469 euros por cada dia de trabalho.

De acordo com o semanário «Expresso», Juergen Kroeger terá ficado com uma reforma entre 8 mil a 10 mil euros por mês, que pode acumular com a pensão.
http://www.tvi24.iol.pt/503/economia---troika/juergen-kroeger-troika-reforma-portugal-pensao-tvi24/1505833-6375.html
Nada como esta Europa, em que somos todos iguais em direitos e deveres!

Relembrar na hora de votar - 01

As últimas eleições autárquicas (29 de setembro de 2013) trouxeram uma derrota valente ao Bloco de Esquerda.
No dia 10 de outubro, na Assembleia da República, os partidos discutiram, seguramente tendo em atenção os resultados das eleições autárquicas, a questão da aceitação de candidatura de movimentos cívicos de cidadãos em eleições de âmbito nacional.
http://dererummundi.blogspot.pt/2013/09/einstein-entra-na-campanha.html
Curiosamente - eu diria mesmo, absurdamente -, dado que me parece que, com a sua fragilidade atual, é o partido que mais imediatamente pode vir a sofrer com esta dinâmica sociopolítica, só o Bloco de Esquerda se mostrou favorável a ir além dos todo poderosos partidos políticos que se repetem a si mesmos na Assembleia da República, sugando tudo o que podem; e não são apenas os partidos do "arco da governação": o PCP e os seus apêndices afinam pelo mesmo diapasão!
"Na discussão de uma petição pública que defendia a candidatura de cidadãos independentes à Assembleia da República, somente o Bloco de Esquerda admitiu "renovar a discussão sobre o monopólio da representação pelos partidos políticos". (http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=87720)
É o sistema político vigente, de alma e comportamentos de abutres e vampiros, no seu máximo esplendor. Veja-se o "toque a reunir" entre todos eles!...

domingo, 22 de setembro de 2013

Um espelho. De Itália, para nos vermos a nós mesmos.

A equipa de jornalistas italianos fartou-se de trabalhar.
Veio a Portugal e meteu-se por todo o lado; entrou nos gabinetes e nas casas das pessoas. Recolheu testemunhos atrás de testemunhos; falou com especialistas, dirigentes, diretores e cidadãos.
Esforço incrível! A valer a pena, a mostrar-nos o que não conseguimos ver porque somos os sujeitos que os jornalistas conseguiram tornar em atores. Para que nos possamos ver ao espelho.
Na televisão, precisamente na altura em que descobri este vídeo na Net, Pacheco Pereira apareceu com o seu absurdo "que não vejo, que não leio, que não oiço". Não hesitei - desliguei a televisão.

domingo, 11 de agosto de 2013

Helmut Kohl queria mandar embora 1,5 milhões de turcos - Globo - DN

O que este artigo jornalistíco mostra muito especialmente é que:
  1. A Europa vem desde há décadas enredando-se, na avidez do seu desenvolvimento material e predador, em processos e dinâmicas socias que se tornaram caixas de Pandora e puseram a Europa à mercê das dinâmica dos grandes fluxos humanos, no fundo, como sempre aconteceram desde que o homem é homem. Os especialistas e os "sábios" da sofisticada e desenvolvida Europa confrontam-se com a sua própria ridicularização.
  2. Mais uma vez, se comprova o que a sabedoria popular diz há muito: "Zangam-se as comadres, descobrem-se as verdades". É nesta escalada, reciprocamente vingativa, que os imbecis, malévolos e interesseiros políticos e os senhores do dinheiro e das leis portugueses entraram também, ao que parece, sem conseguirem agora travar a marcha.

Helmut Kohl , antigo chanceler alemão

Fotografia © Thomas Peter - Reuters
Os planos do antigo chanceler alemão Helmut Kohl de fazer regressar ao seu país de origem metade dos turcos na Alemanha, foram agora revelados por uma série documentos que foram desclassificados pelos britânicos.
"Muitos turcos sentem-se marginalizados e com razão", disse ao jornal "Süddeustche Zeitung" Peter Kohl, filho do antigo chanceler e casado desde 2001 com a filha de um empresário turco, Elif Sözen.
O filho mais novo do ex-chanceler alemão (1982-1998) referiu-se a uma conversa mantida entre o seu pai, quatro semanas depois de chegar ao poder, com a primeira-ministra britânica na altura, Margareth Thatcher.
Nesta conversa, Kohl referiu o seu propósito de enviar para casa metade dos turcos que havia, na altura, na Alemanha -- cerca de 1,5 milhões -- por considerar que não era possível assimilar um alto número de imigrantes deste país na sociedade alemã.
O conteúdo desta conversa ficou registado nos protocolos dos serviços secretos britânicos, agora desclassificados, e que foram revelados há alguns dias pelo semanário "Der Spiegel".
O escritório de Kohl confirmou a veracidade do planeamento e argumentou que esta ideia fazia parte "da política externa da altura".
Peter Kohl recordou que a lei instituída para "favorecer" o retorno da imigração aos seus países foi dirigida especificamente aos turcos.
Helmut Kohl explicou a Margareth Thatcher que para a Alemanha não era um problema a chegada de portugueses e italianos, mas sim dos turcos, "por serem provenientes de uma cultura distinta".
Um ano depois do encontro com a líder britânica, Kohl aprovou a lei (em 1983) para impulsionar o retorno dos imigrantes, oferecendo 10,5 mil marcos -- 5,2 mil euros -- e a restituição de contribuições para a reforma.
As relações entre Kohl e os seus filhos, Peter e Walter, estão interrompidas desde o casamento do patriarca (em 2008), de 83 anos, com a sua atual esposa, Maike Richter, 34 anos mais jovem que o político, a quem os filhos acusam de manipular o seu pai
Helmut Kohl queria mandar embora 1,5 milhões de turcos - Globo - DN

Ética, promiscuidade e transparência entre o poder político e o poder financeiro

Ética, promiscuidade e transparência entre o poder político e o poder financeiro

Paulo Morais, vice-presidente da Associação Cívica Transparência e Integridade, no Jornal das 9


http://sicnoticias.sapo.pt/programas/jornaldas9/2013/08/08/ctica-promiscuidade-e-transparencia-entre-o-poder-politico-e-o-poder-financeiro

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Terrorismo de estado. É mesmo.

Sou mais um a reproduzir o texto de Nicolau Santos.
Não é preciso acrescentar mais palavras.

O terrorismo do Estado em todo o esplendor

Portugal é hoje um país tolhido pelo medo, desânimo e humilhação. O medo de perder o emprego,
descer na escala social, ficar sem rendimentos para manter um mínimo de vida digno. O desânimo dos desempregados, dos empregados que temem o fecho das suas empresas, dos que se vão convencendo de que esta situação se vai manter por muitos anos, dos que já perceberam que os últimos anos da sua vida serão sempre a piorar. A humilhação dos reformados, que têm sido perseguidos, vilipendiados, acusados, responsabilizados pela crise das finanças públicas e do desemprego entre os jovens. E humilhação também dos funcionários públicos, que o poder político acusa de benefícios exclusivos, de ganharem mais que os trabalhadores do sector privado, de falta de produtividade e de outras malfeitorias.
Este desprezo por reformados e funcionários públicos atingiu o auge nos últimos dias, com a encenação que Pedro Passos Coelho e Paulo Portas fizeram, o primeiro ao anunciar a 3 de Maio uma taxa sobre as pensões e o segundo a afirmar, a 5 de Maio, que esta era a fronteira que não podia deixar passar. Ninguém acredita que Portas não tenha tido conhecimento desta medida que o primeiro-ministro iria anunciar. E portanto é lamentável que tivesse vindo a lume, já que se for avante, depois do que Portas disse, só pode significar o fim da coligação, a queda do Governo e eleições antecipadas. Por isso ninguém acredita igualmente que Passos não soubesse que o ministro de Estado iria dizer isso ao país. O objetivo foi outro. Mais uma vez, o que se fez foi lançar o pânico sobre os reformados, para que aceitem medidas que cortam de novo os seus rendimentos (rendimentos a que têm direito, porque descontaram para eles, com base num contrato que estabeleceram com o Estado), mesmo que não venha a ser esta que será aplicada.
O mesmo acontece na forma como o Governo está a atuar em relação aos funcionários públicos. Sob a capa de rescisões por mútuo acordo, a proposta do Governo permite aos dirigentes pressionarem os trabalhadores a optar por esse caminho, sob pena de serem colocados na mobilidade especial. Nessa situação receberão dois terços de remuneração nos primeiros seis meses, 50% nos seis meses seguintes e nos últimos seis meses apenas 33,4%. No final dos 18 meses, se não for recolocado na administração pública, passa a uma licença sem vencimento ou pode cessar o contrato de trabalho, com direito a rescisão, mas menor do que se o fizer por mútuo acordo. A cereja em cima do bolo é que os funcionários que cessem o seu contrato com a administração pública não terão direito a subsídio de desemprego. Se isto não é apontar uma pistola à cabeça de uma pessoa e pedir-lhe para sair do Estado, então não sei o que é.
Ou melhor, sei muito bem. A isto chama-se terrorismo do Estado e está a ser praticado impiedosamente por este Governo conta reformados e trabalhadores da função pública, mas também contra os contribuintes e os cidadãos em geral. O objetivo é claro: reduzir o Estado a uma função meramente assistencialista e Portugal a um país com salários do Terceiro Mundo, sem nenhuns centros de decisão em mãos nacionais e que agradecerá humildemente às grandes multinacionais que se instalem cá para aproveitar os baixos custos da mão de obra nacional. O Governo declarou guerra sem tréguas aos portugueses. Há-de chegar a altura de os portugueses o varrerem para o caixote de lixo da História.
Nicolau Santos, EXPRESSO, 11 de maio de 2013

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Thatcher e o PCP

Notícias desta manhã...
Lida: Margaret Thatcher conta com mais de 2000 CONVIDADOS, entre amigos e inimigos, para o seu funeral. Vai ser enterrada mais de uma semana (!) depois de ter morrido e com gastos financeiros que vão para lá dos 8 milhões de euros. O Circo da política mundial continua e a CRISE continua muito seletiva, só existe para os mais pobres, para quem tem muito dinheiro, mais dinheiro aparece ainda.
Ouvida: O secretário-geral do PCP foi à Covilhã insistir, num protesto muito empenhado, em eleições antecipadas. É mais um a fazer o seu papel de insistir
que se mudem as coisas para que a m*rda continue toda a mesma! Mais um a não propor nada de sério, e sem qualquer esforço de cedência fora da área do exercício do poder. Só depois de ter mais poder (neste caso, mais deputados) é que existe a disposição de propor qualquer coisa. O costume.

domingo, 24 de março de 2013

O retorno do tempo fascista

Recomendo a leitura deste texto:

O retorno do tempo fascista

O filósofo holandês Rob Riemen, recordando Albert Camus e Thomas Mann, escreveu recentemente: “O bacilo fascista estará sempre presente no corpo da democracia de massas. Negar este facto ou dar outro nome ao bacilo não nos tornará resistentes a ele. Pelo contrário. Se queremos combatê-lo eficazmente, teremos de começar por admitir que está novamente prestes a contaminar a nossa sociedade, teremos de o chamar pelo seu nome: ‘fascismo’” (“O Eterno Retorno do Fascismo”, Bizâncio).
(Ler aqui a versão integral do texto: http://www.leituras.eu/?p=2909#CgOhVbYRjG0CxFgv.99)

O extraordinário filme "Die Welle" (A Onda) mostra com muita acutilância como os comportamentos e os afetos do Fascismo estão sempre aí prontos a invadir-nos no dia-a-dia das nossas vidas.

sábado, 23 de março de 2013

PS/Açores diz que fome não afeta sucesso escolar

Ora aqui está, é uma afirmação lapidar de quem tem responsabilidade de governar os destinos dos outros.
É uma afirmação estúpida, criminosa, proferida por um político, por um médico, que já foi secretário regional da Saúde. Afirmação feita simplesmente para servir os interesses da Porca da Política; e seguramente também os seus, egoístas.
Ainda falarei deste senhor à Ordem dos Médicos.

A novela Sócrates na TV - episódio três mil e qualquer coisa

Hoje, estava eu a passar os olhos pelas novidades do Facebook, encontrei alguma coisa que me chamou especial atenção e fui por aí fora, numa pista nem sei bem de quê...
Acabei por chegar a este ditado popular africano:
"If the trial concerns the forest, don’t take a monkey as a judge."Resolvi escolhê-lo para contraponto a Paulo Ferreira, diretor da RTP, o qual, com a sabedoria tacanha de quem não ir para além da expressão exuberante do traseiro dos pavões, cita Voltaire para justificar o contrato de José Sócrates pela RTP. Passo a re-citar:
"Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei até à morte o teu direito a dizê-lo." (http://expresso.sapo.pt/socrates-na-rtp-e-a-erecao-pos-morte=f795388#ixzz2OM85KmHo)
Logo este macaco foi Paulo Ferreira escolher! O alfa deles todos!...
(Sim, eu quero ver Paulo Ferreira defender os direitos de Sócrates "até à morte"... O que a gente se vai rir ainda!)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

UM POUCO DE TERNURA E NADA MAIS


AI, AGUENTA, AGUENTA!... NÃO É, SENHOR FERNANDO ULRICH?
Passou-me pela cabeça a vertigem de o ver a ser tratado neste hospital do Reino Unido. Desculpe-me tal pensamento...
(...) A culpa principal, apontou [a investigação], cabe aos administradores que não quiseram ouvir as queixas sobre as práticas do hospital. Mas a "falta de atenção, compaixão, humanidade e liderança" que conduziu ao "sofrimento aterrador e desnecessário" de tantas pessoas era uma cultura que perpassava por todo o pessoal.

No passado dia 7, escrevi este apontamento no meu Facebook, a propósito desta notícia do Diário de Notícias (em comentário a este apontamento do blogue transcrevo inteiramente o artigo):
http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?content_id=3041272&seccao=Europa&page=-1

Hoje, no Diário de Notícias, Baptista-Bastos, assina um artigo de opinião que tem a ver com o que eu escrevi no dia 7. Eu já tinha estranhado a falta dos seus artigos de opinião nas duas semanas anteriores. Parece-me estar aqui a explicação. Recomendo a leitura integral do artigo. Está aqui:
http://www.dn.pt/inicio/opiniao/interior.aspx?content_id=3049766&seccao=Baptista%20Bastos&tag=Opini%E3o%20-%20Em%20Foco
(também vou transcrever para um comentário a este apontamento o texto de Baptista-Bastos, integralmente)

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

O risco do século XXI - Opinião - DN, por Adriano Moreira

Ora bem, aqui está um artigo claro, escrito por alguém que soube - tanto quanto me parece, lucidamente - subir ao alto da montanha e olhar. Olhou e viu o que se passa na agitação que grassa lá em baixo, à volta da montanha.
Relembro que o autor não recebe, desde sempre, a minha confiança básica.

O risco do século XXI - Opinião - DN


O risco do século XXI

por ADRIANO MOREIRAHoje2 comentários 


Os fundadores da União Europeia, tal como os que foram os pais da ONU, tiveram sobretudo em vista as guerras mundiais, que na mesma geração por duas vezes dizimaram a vida, as esperanças, os bens, as pátrias, de milhões de homens. Não lhes ocorreu, nem é fácil encontrar menção na longa teoria de utopistas da paz ocidentais, que fosse a crise económica a futura destruidora dos objetivos que animaram os sonhadores dessa paz.

A exploração económica foi evidentemente uma das facetas do colonialismo que sempre usou o recurso às armas, mas os projetos da paz que herdámos, que inspiraram alguns dos estadistas, não era desse erro que de regra se ocupavam, era do recurso às armas para impor as diferenças de interesses entre ocidentais, muitos deles componentes da fileira de colonizadores.

Todavia, e depois de meio século de guerra fria, são as finanças e a economia que se mostram responsáveis pelas calamidades também mundiais como as grandes guerras passadas, e embora os gestores do credo do mercado sejam discretos na identidade, existem sinais de que não são necessariamente governantes, detentores de um poder militar assustador.

De facto, se os EUA dão mostras de estarem em perda da posse simultânea do poder estratégico militar e do poder financeiro, embora estejam entre as causas da tragédia, não dão mostras de sentirem um temor igual aos dos europeus perante a situação calamitosa em que sucessivamente se vão abalando as componentes da solidariedade da União, com uma já espécie de Liga do Norte a supor-se salvaguardada, no que é de admitir que mais imagina do que se informa, impondo remédios que afundam as condições de vida dos povos abrangidos pela pobreza, mas sem cuidar em resolver os problemas de desgoverno da União.

É evidente que reparar o desgoverno, que se traduz em que vozes isoladas se sobrepõem aos fracos órgãos institucionais, é por isso mesmo uma tarefa dificílima, segundo a experiência sabida dos tempos, sobretudo porque não apareceram as lideranças inspiradas e inspiradoras que honram a modéstia de governantes pelo poder da criatividade.

É necessário dar espaço a essas vozes, não admitir como sendo um caminho aquele que adotaram o G7 (EUA, Canadá, Japão, Inglaterra, França, Alemanha, Itália), no intervalo acrescendo a Rússia, desmantelada a URSS, o G8 sem a China e sem a Índia, e finalmente a ambiguidade jurídica e institucional do G20. Tudo enquanto as Nações Unidas parecem tender para serem um Templo de orações a um Deus desconhecido, porque, não obstante os talentos que por ali passaram, e a obra realizada pelas organizações especializadas, os seus objetivos são pouco servidos pelos recursos que lhe são devidos, as representações nos órgãos supremos, sobretudo no Conselho de Segurança, não são correspondentes à capacidade desses membros mais em vista pela majestade que formalmente lhe foi reconhecida, e entretanto, os chamados países emergentes ainda não parecem ter voz para que finalmente se proceda à reforma que muitos exigiram logo a seguir à fundação.

Admitindo que os governos mais em vista sabem do que falam quando invocam o globalismo, também não deviam ter dificuldade em admitir que sem governança não lhe regularão a evolução e as consequências dela, e que sem tal regulação é difícil que o regionalismo necessário, de que a União Europeia é o exemplo mais sonhado, também não encontrará facilmente o caminho de reformular a sua própria governança.

E vista a omissão, os riscos mundiais que se acumulam, incluindo a proliferação nuclear, mais os desastres naturais e técnicos, e a pobreza, fazem entretanto lembrar que o regresso à reinvenção de uma nova ordem foi no passado antecedido dos desastres chamados guerras mundiais. Não apenas os grandes doutrinadores do pacifismo, mas também os que tiveram o encargo de governar nesses tempos difíceis, e cujos nomes são pouco lembrados, procuraram instaurar uma paz duradoira.

É difícil, mas indispensável, tentar perceber que erro foi cometido, para que o risco não se repita.

A ENTROPIA DO SISTEMA NÃO PÁRA DE AUMENTAR

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Como foi moda dizer-se há alguns anos, A ENTROPIA DO SISTEMA NÃO PÁRA DE AUMENTAR. Mas o verdadeiro drama é o facto de que a gente percebe e acredita na mensagem, mas já desconfia de todos os mensageiros! Como dar a volta a isto?... É fundamental fazê-lo! É que a desvalorização do mensageiro serve sempre os interesses dos poderosos mais perigosos!

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Frase do mês - neste caso, fevereiro de 2013

http://www.dn.pt/storage/DN/2011/big/ng1730095.jpg?type=big&pos=0
“Esta manhã fazia tanto frio, que o ministro das finanças tinha as mãos dentro dos seus próprios bolsos”