terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Os limites éticos

A ÉTICA E A QUARTA DIMENSÃO DAS UNIVERSIDADES.
Sem, se calhar, o brilhantismo de outros textos, Adriano Moreira traz-nos, muito oportunamente, mais questões para pensar sozinhos e discutir com os outros.
«Um dos factos que marcam a nossa época, que já foi chamada do "mundo sem
bússola", é que, ao mesmo tempo que as Faculdades de Humanidades são secundarizadas pela teologia de mercado e orçamento para que tendem os governos neoliberais repressivos, a ALLEA - All European Academies, considerou há anos urgente iniciar uma investigação conjunta em busca dos "Communes Values in The European Research Area", que resultou num livro editado pela Royal Netherlands Academy of Arts and Sciences. O tema foi intitulado "European Scientists and Scholars Meeting Their Responsability".
A principal conclusão, que torna insegura a busca de um paradigma global, a cuja investigação entregou a vida o padre Kung, e a que se dedica a UNESCO, foi o reconhecimento da "multiplicidade de convicções morais e posições éticas na Europa no que toca à variedade de essenciais problemas sociopolíticos que estamos a enfrentar".
A questão agrava-se quando assumimos que nesta data é o globalismo, e não apenas o europeísmo, que nos desafia, com todas as áreas culturais do mundo falando à comunidade internacional em liberdade, pela primeira vez na história.
De qualquer modo, um dos temas salientes, relatado por Henk T. Have, diretor da Division of Ethics of Science and Technology at UNESCO, intitulado "Ethics and Politics", teve sobretudo em vista as "implicações éticas da ciência e da técnica contemporâneas".
Talvez a compreensão do tema seja ajudada, tendo presente o seguinte: que os avanços técnicos e científicos foram usados para incitar e justificar a opressão e o assassínio designadamente na Alemanha de Hitler, no Camboja de Pol Pot e no Ruanda de Kambanda.
As virtudes do modelo ocidental, todas assentes no discurso de Péricles, pronunciado na qualidade de estratego de Atenas à beira do túmulo de um soldado, não se encontram em todos os regimes que recolhem a designação de democracia, segundo o modelo da ONU. Mas posto de lado o recurso frequente do Estado-espetáculo à semântica, a divisão de poderes é uma cautela contra as derivações políticas na chamada época dos povos.
Para enfrentar o autoritarismo, e outras dificuldades, a questão é que dificilmente se encontra uma fórmula de resposta à questão de saber quem guarda os guardas, e, apenas como ligeiro exemplo, a atual conflitualidade do Executivo português com o Tribunal Constitucional pode servir de meditação, esperando-se que fique por essa utilidade.
A base segura é hoje a idoneidade da aquisição do poder pelo consentimento dos povos, embora acompanhada frequentemente pelo Estado--espetáculo que veio por vezes agravar, quando se esperava que fortalecesse, a questão dos guardas dos guardas. Tem um dos seus maiores obstáculos no facto de o globalismo ser uma realidade de estrutura ainda mal conhecida, de todas as áreas culturais falarem em liberdade, o que não permitiu ainda tornar o diálogo consistente, e, consequência sobretudo ocidental, por ser crescentemente duvidoso se o Estado que conhecemos não foi ultrapassado como instrumento de governo. Sabemos, pelo menos, que cerca de metade dos Estados existentes não têm sequer capacidade para enfrentar os desafios da natureza, em parte potenciados pelos avanços da ciência e da técnica sem limitações éticas estabelecidas. E exige atenção o facto de as humanidades estarem a ser secundarizadas pelos sistemas oficiais de ensino, e certamente esta inquietação será incluída naquilo que foi chamado a quarta dimensão da universidade (1). Mas é crescentemente evidente e preocupante que as dificuldades financeiras do sistema universitário não sejam apenas originadas pela crise financeira dos Estados, mas sobretudo pelo esquecimento de que se trata de uma componente da soberania e não de uma área do mercado. Na longa história do ensino superior português não é útil incluir um precedente que esqueça o facto.»
(1) O que é a  QUARTA DIMENSÃO DA UNIVERSIDADE?
"A Universidade não pode deixar de responder, com a definição de uma quarta missão, 
para além do investigar, ensinar, coordenar, que é a de encontrar, saber e caminhar para enfrentar a situação antes ignorada de globalismo sem definição de valores e de futuro para as novas gerações."
ADRIANO MOREIRA, A QUARTA DIMENSÃO DAS UNIVERSIDADES, Instituto Superior Técnico – Universidade de Lisboa, 14/02/2013.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Modelo (infeliz; infeliz e trágico) de Desenvolvimento

E não digam, os poderosos da Política e do Dinheiro, que amam os seus filhos!
http://www.compostdiaries.com/uploads/2011/11/hawkenatthegate.jpg
"Temos, vivemos, uma economia que nos diz que é mais barato destruir a Terra em tempo real do que renovar, restaurar e sustentá-la. Pode-se mandar imprimir dinheiro para salvar um banco, mas não é possível mandar imprimir a vida para salvar um planeta. Presentemente, o que estamos a fazer é a roubar o futuro, a vendê-lo agora e a chamarmos a isso “Produto Interno Bruto”. Acontece que podemos ter simplesmente uma economia que se baseie na recuperação do futuro, em vez de roubá-lo." Commencement: Healing or Stealing? The unforgettable Commencement Address 2009. By Paul Hawken. 

We have an economy that tells us that it is cheaper to destroy earth in real time rather than renew, restore, and sustain it. You can print money to bail out a bank but you can’t print life to bail out a planet. At present we are stealing the future, selling it in the present, and calling it gross domestic product. We can just as easily have an economy that is based on healing the future instead of stealing it.

Com amigos destes, quem precisa de inimigos?

- "Que se f*da a União Europeia!..." desabafa uma responsável do governo dos Estados Unidos para as relações com a Europa.
É esta a "Ética" que alimenta as Relações "Saudáveis" entre os governantes mundiais... "Amigos"!...
Pois é, são "amigos" profundamente "éticos" e "honestos" que determinam o Presente e o Futuro dos Povos!


Ver também:
http://www.tvi24.iol.pt/503/internacional/ucrania-youtube-victoria-nuland-conversa-ultimas-noticias-tvi24/1535501-4073.html