terça-feira, 18 de agosto de 2015

OS VEZES E OS REVEZES DO IDEAL EUROPEU - 012. A LIBERDADE É A CIVILIZAÇÃO

OS VEZES E OS REVEZES DO IDEAL EUROPEU - 012. A LIBERDADE É A CIVILIZAÇÃO



Da esquerda para a direita: B. Clappier, R. Schuman e J. Monnet (1950)
http://www.cvce.eu/en/obj/bernard_clappier_robert_schuman_and_jean_monnet
_houjarray_1950-en-6745022b-c33c-4e0b-b209-92276f3cc152.html
As palavras de Jean Monnet, sem quaisquer minhas. Foram escritas exactamente há 49 anos.

«(...) senti necessidade de definir para mim mesmo as ideias fixas pelas quais me orientava implicitamente, para lá das acções ligadas às circunstâncias. Conservei essas notas que escrevi no repouso do Verão de 1966, e que creio serem mais expressivas no seu estado espontâneo, do que um desenvolvimento longo:

18 de Agosto:
A liberdade é a civilização.
A civilização é: as regras mais as instituições.
E tudo isto porque é o desenvolvimento do homem que é o objeto essencial de todos os nossos esforços, e não a afirmação de uma pátria, grande ou pequena.

1. É um privilégio ter nascido (Homem).
2. É um privilégio ter nascido na nossa civilização.
3. Será que vamos limitar tais privilégios às barreiras nacionais e às leis que nos protegem?
4. Ou vamos tentar alargar esse privilégio aos outros?
5. Temos de manter a nossa civilização, que está tão avançada relativamente ao resto do mundo.
6. Há que organizar a nossa civilização e a nossa acção comum no sentido da paz.
7. Há que organizar a acção comum da nossa civilização. Como fazê-lo, senão empregando numa acção comum a Europa e a América, que, em conjunto, detêm os maiores recursos do mundo, partilham a mesma civilização e conduzem os seus assuntos públicos da mesma maneira democrática?
8. É essa organização que, sem deixar de manter um estado de coexistência com o Leste, irá criar a nova ordem do mundo e, ao mesmo tempo, irá permitir a ajuda e o apoio necessários e sem condições que a nossa civilização, que há que preservar, dará ao resto do mundo. Juntos, podemos fazê-lo, separados opõem-se.
9. Na origem, à nascença, os homens são iguais. Depois, colocado em determinado quadro, dentro de determinadas regras, cada um quer preservar os privilégios que adquiriu. O quadro nacional serve essa perspectiva momentânea. Não nos damos conta do privilégio extraordinário que temos. Há que alargar esse privilégio. Como fazê-lo, senão através da liberdade, por um lado, e, por outro lado, através do esforço comum para que, gradualmente, os países subdesenvolvidos participem dos nossos privilégios? Como fazê-lo, senão unindo-nos, unindo os nossos recursos, etc.?» (Jean Monnet, Memórias, 2004 (1976), p. 491)

«18 août :
« La liberté, c'est la civilisation.
« La civilisation, c'est : les règles + les institutions.
« Et tout cela parce que c'est le développement de l'homme qui est l'objet essentiel de tous nos efforts, et non pas l'affirmation d'une patrie grande ou petite.
« 1. C'est un privilège que d'être né (homme).
« 2. C'est un privilège que d'être né dans notre civilisation.
« 3. Allons-nous limiter ces privilèges aux barrières nationales et lois qui nous protègent?
« 4. Ou bien allons-nous essayer d'étendre ce privilège aux autres?
« 5. Il nous faut maintenir notre civilisation qui est tant en avance sur le reste du monde.
« 6. Il faut organiser notre civilisation et notre action commune vers la paix.
« 7. Il faut organiser l'action commune de notre civilisation. Comment le faire, sinon en utilisant dans une action commune l'Europe et l'Amérique qui ont ensemble les plus grandes ressources du monde, ensemble partagent la même civilisation, et conduisent leurs affaires publiques de la même manière démocratique?
« 8. C'est cette organisation qui, tout en poursuivant un état de coexistence avec l'Est, créera l'ordre nouveau du monde et en même temps permettra l'aide et l'appui nécessaire et sans condition que notre civilisation qu'il faut préserver apportera au reste du monde. Ensemble ils le peuvent, séparés ils s'opposent.
« 9. A l'origine, à la naissance, les hommes sont les mêmes. Ensuite, pris dans un cadre, des règles, chacun veut alors préserver les privilèges qu'il a acquis. Le cadre national sert cette vue momentanée. Nous ne nous rendons pas compte du privilège extraordinaire qui sous-développés à nos privilèges? Comment le faire, sans s'unir, unir nos ressources, etc.? »

Sem comentários:

Enviar um comentário