sexta-feira, 6 de abril de 2012

Lisboa e a Política Portuguesa para Antero de Quental

Sempre que venho em temporada para o Faial, a atenção das minhas leituras procura especialmente assuntos e autores das ilhas.
Desta vez cheguei-me um pouquinho mais a Antero de Quental, pela escrita que Eça de Queirós lhe dedicou.
Eça foi um dos amigos de Antero a quem foi pedido que desse o seu contributo para o "In Memoriam". O tempo que Eça demorou a entregar o seu texto fez os coordenadores da obra quase chegarem ao desespero, tanto que tardou na entrega do escrito prometido!
O texto foi finalmente entregue e, depois de o lermos, percebemos como Eça sentia necessidade de tempo - muito tempo! - para o escrever. Houve ainda quem opinasse que a demora de Eça tivesse a ver com a reação pessoal ao que ele, na altura, pensou ser a exclusão a que tinham condenado o seu amigo Ramalho Ortigão.
Sobre a política portuguesa, escreve Eça :
"Elle [Antero de Quental], de resto, ainda acreditava então que miserias e erros provinham do vicio ou da incompetencia da pequena Casta Politica que, atravez de Lisboa, domina a Nação, - e que, no fundo do povo, existia, latente mas intacta, uma grande energia viva, capaz de reconstruir, sob a direcção da Virtude e da Capacidade, a ordem na Sociedade portugueza." (p. 509, edição de 1896)
"Lisboa para Anthero era uma Ninive revôlta e sordida" (p. 522)
O que mudou?... Nada!... Já Júlio César avisara para o jeito das gentes que haveriam de desaguar nos corredores e assentar as peidolas nas cadeiras dos poderes da cidade capital.